A participação feminina no Cristianismo e no Espiritismo - breves considerações

 

 Lizarbe Lisboa Mesquita Gomes*

 

Desde os primeiros tempos da Boa Nova, as mulheres já se destacavam como fiéis servidoras na divulgação da Doutrina Cristã. Estiveram junto ao Mestre até seus últimos momentos, enquanto muitos dos discípulos o abandonaram. Em Maria Madalena vemos o exemplo de profunda renovação moral, enquanto que em Lídia vemos o destemor ao “transformar a própria cada em santuário do Evangelho nascituro”, conforme recorda Emannuel em Religião dos Espíritos.

Com o espiritismo, assim como no cristianismo, vemos a mulher sendo tratada com a merecida dignidade, e não mais como um ser inferior. Em um artigo na Revista Espírita de 1866, Allan Kardec refere-se à condição feminina nos seguintes termos: “Com a doutrina espírita, a igualdade da mulher não é mais simples teoria especulativa; não é mais uma concessão da força à fraqueza, é um direito fundado nas leis mesmas da natureza. Dando a conhecer essas leis, o Espiritismo abre a era da emancipação legal da mulher, como abre a da igualdade e a da fraternidade”.

Era uma forma de reconhecimento à participação das jovens mulheres, como as médiuns Caroline (18 anos) e Julie Baudin (15 anos), Aline Carlotti e Ruth Japhet (ambas com 20 anos), que prestaram valioso auxílio na psicografia das questões de O livro dos espíritos, bem como a Ermance Dufaux, que também colaborou com Kardec na codificação do do espiritismo. Imprescindível também a preciosa colaboração de Amelie Gabrielle Boudet, esposa do eminente professor Rivail, sempre atuante e estudiosa dos fenômenos espíritas.

Léon Denis afirma: “Encontram-se, em ambos os sexos, excelentes médiuns; é à mulher, entretanto, que parecem outorgadas as mais belas faculdades psíquicas. Daí o eminente papel que lhe está reservado na difusão do Espiritismo. Hoje é sobretudo por intermédio da mulher que se afirma a comunhão com a vida invisível”.

De fato, no Espiritismo nascente mais uma vez as mulheres tiveram importante atuação. Foram testadas, submetidas a exaustivos estudos, foram mesmo desprezadas, incompreendidas e ridicularizadas, no entanto perseveraram e auxiliaram a desvelar ao mundo a existência do plano espiritual e a possibilidade do intercâmbio com os seres do plano extrafísico. Recordamos aqui, com carinho e gratidão algumas dessas valorosas trabalhadoras da primeira hora: Florence Cook, Eusápia Paladino, Elisabeth d’Esperance, Ana Prado, Zilda Gama e Yvonne do Amaral Pereira. Ainda hoje é expressiva a presença feminina nas diferentes atividades dos centros espíritas e no movimento espírita em geral. As “belas faculdades psíquicas” que possibilitam a “comunhão com a vida invisível” seguem servindo ao estudo e difusão da Doutrina dos Espíritos.

“A mulher ou o homem, em particular, possuem disposições especiais para o desenvolvimento mediúnico?” Essa indagação, presente no livro O Consolador, mereceu de Emmanuel a seguinte resposta: 

“No capítulo da mediunidade não existem propriamente privilégios para os que se encontram em determinada situação; porém, vence nos seus labores quem detiver a maior porcentagem de sentimento. E a mulher, pela evolução de sua sensibilidade em todos os climas e situações, através dos tempos, está, na atualidade, em esfera superior à do homem, para interpretar, com mais precisão e sentido de beleza, as mensagens dos planos Invisíveis.”

Prossigam as mulheres em seus labores na mediunidade, com a segurança proporcionada pelo conhecimento da Doutrina Espírita que tanto tem contribuído para o progresso das ideias e o avanço do conhecimento para todos nós!


*Licenciada em História, com especialização em História da Arte, é professora da rede pública estadual, residindo atualmente em Pelotas-RS.
Estuda a Doutrina Espírita desde os dezoito anos, quando passou a frequentar o Centro Espírita Paz Luz e Caridade, em Pelotas-RS, onde passou a participar de reuniões mediúnicas e exposições doutrinárias.
Atua como médium psicógrafa, já tendo escrito, em parceria mediúnica, os livros: Viver, o eterno desafio (espírito Rosália Machado); O monge e o guerreiro, Veredas da paz, Uma chance para o amor (espírito Fernando) e Enquanto estás a caminho (espírito Ana Cecília).
Divulga o espiritismo por meio de artigos, palestras e entrevistas de rádio e TV.

Confira o livro da autora aquihttps://www.lachatre.com.br/

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