Por: Rita
Ramos Cordeiro*
Estar mulher nesta terra de
provas e expiações, e atravessar a vida como aprendiz na passagem dos anos, tem
sido uma grande viagem e tem me trazido grandes aprendizados.
Uma viagem em que pude apreciar
locais com belas paisagens que deliciaram minha alma e outras paisagens em que
sua visão trouxe lágrimas para meus olhos.
A viagem teve muitas paradas, algumas
felizes, outras dolorosas, e a vida me ensinou, no decorrer da travessia, a
assimilar cada momento vivido como uma lição.
Aprendi que, muitas vezes, a
mágoa que tomou meu coração foi por idealizar pessoas que coloquei num
pedestal, que se estatelou e se quebrou por sua fragilidade.
As experiências da vida me
fizeram crescer, observar minha imagem no espelho; e ver as marcas do tempo em
meu rosto me mostrou que o tempo me trouxe um pouco de sabedoria, contudo ainda tenho muito o que aprender e viver.
Muitos ensinamentos foram fáceis
de assimilar, outros ainda não consegui aprender, e a lição precisará ser
repetida com atenção, reflexão e disciplina até que seja bem compreendida.
É um aprendizado constante que
exige coragem, determinação e desejo de mudança.
É uma travessia difícil, que
exige persistência e em que muitas vezes me distraí com a sombra do medo, das
incertezas, das inseguranças, das angústias.
Nesses momentos, a Bondade Divina
me presenteia com a sua amorosa presença e ilumina minha caminhada para uma
jornada mais leve.
Como mulher e ser humano
necessito fazer uma contínua construção e desconstrução de mim mesma.
Assim é a vida, um ciclo de
aprendizado e evolução do ser inacabado que sou.
Estar mulher nesta encarnação me
permitiu vivenciar muitas experiências ao longo da vida e nem todas agradáveis,
mas que sempre tiveram algo para me ensinar. Ensinaram que, através da minha
própria essência, sou única, com meus erros, imperfeições, coragem, desejo de
acertar, de amar; fraqueza e força.
O sentimento de ter paz e
transmitir paz aos que me rodeiam, que muitas vezes me habitou a alma, não me
permitiu driblar muitas situações que não puderam ser evitadas, pois minha
imperfeição me mostrou ser preciso mais do que simplesmente desejo. É preciso
ação e atitude, mas situações inevitáveis me ensinaram que posso direcionar um
novo caminho, o meu caminho e, com isso, dar o meu melhor para tentar mudar o
meu mundo e o mais próximo a mim.
Assim é a vida, um
ciclo de aprendizado e evolução para mim e para todos nós seres inacabados, que
temos a oportunidade de, através do autoconhecimento, juntar pedacinho por
pedacinho, que nunca se juntará por completo, pois a cada minuto do tempo nos
aperfeiçoamos, mudamos, reciclamos.
Minha travessia de mulher tem
momentos tempestuosos e outros de intenso sol radiante, porque assim é a vida e
assim será, pois, estando como sou, permaneço apenas uma simples aprendiz, que
agradece imensamente sem merecer o amparo da Providência Divina que está sempre
a me acolher.
Tudo é possível para aquele que
busca incessantemente dentro de si sua própria essência e o aconchego da Luz
Divina.
O mundo passa a ter novas cores,
mesmo ainda imperfeito e apesar de nossa imperfeição.
É essa luz que norteará minha
viagem até o final dos meus dias, mesmo com vacilos e tropeços.
Assim sigo, ainda uma eterna
menina e mãe, até o final desta viagem, desta tão minha travessia de mulher.
*Autora do livro “Perdas e reencontros,” publicado pela
Editora Lachâtre, em 2022.
Confira o livro aqui: https://www.lachatre.com.br/perdas-e-reencontros-romance-mediunico
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